21 setembro 2010

leve lá este bilhete


ele pergunta, ela responde:

– E o quindim? Como ficou?

– Gostoso, mas não mais que tu. 

19 setembro 2010

rejeitas_rejeito

.....Depois de muito bater com a cabeça na parede, finalmente uma palavra aparece: rejeição. Tudo foi superado, a ausência, a saudade, a falta de carinho, a falta do cheiro, do dia-a-dia... o passado finalmente ocupou seu devido lugar na linha do tempo, o passado está no passado e não insiste mais em permanecer no presente; o passado passou. Depois de o ver, após muito tempo sem vê-lo, isso se confirma. Só o que não passa é o sentimento de rejeição. Aquela rejeição em específico está também no passado; não há mais o desejo de aceitação por parte daquele outro que te rejeitou há uns pares de meses. O que há é o temor da rejeição, o pânico, o descontrole, a carência que um não te causa, qualquer que seja ele, ínfimo, quase invisível, não importa o tamanho, você se sente a pessoa menos quista do mundo, sua ausência para o outro, enquanto você o queria presente, te assusta muito. E enquanto tudo se desenrola, enquanto o pânico está em ti e te faz agir de forma absolutamente estúpida, você tem plena consciência do ridículo da situação, mas não consegue parar. Pânico. Pane. Tudo te falta. Menos a consciência do absurdo. Aí, além da rejeição alheia, passa a existir a tua própria, tudo se agrava e nada te faz parar. O botão off se esconde. A cena que fica na TV é a de pedras gigantes rolando no asfalto. E no fim, quando elas se vão, quando não há outras a rolar, você se levanta debilitada, tentando conter o sangramento dos esfolados, que estão pelo corpo todo. E mesmo assim, toda machucada, ainda consegue pensar que isso um dia vai passar, que um dia vai conseguir desviar das pedras ou correr delas antes que apareçam. E aí não vai mais precisar deste texto de auto-ajuda.

17 setembro 2010

A marchinha da menina roliça


Era uma vez um menino que chamava a amiguinha de pancinha. Era um chamamento carinhoso, mas ele implicava de verdade com a barriga dela, até que um dia ela não aguentou e brigou com ele para sempre. Depois de muito tempo, a menina viu uma foto e, muito mal-criada, fez uma musiquinha para o menino bobo. Ficou assim:

maria barrigão,
barrigão, barrigão
um dia foi pancinha
agora é panção

o barrigão está na moda
o mundo inteiro viu
é talagaço
é partoba
fecha a boca, meu brasil

13 setembro 2010

12 setembro 2010

já diriam

um dia
depois do fim
eu disse
que ia te amar pra sempre

mas

eterno enquanto durou
o pra sempre
hoje acabou.


*escrito na Lagoa, naquele café do shoppinzinho

04 setembro 2010

queria dormir agora e acordar daqui a cem anos, quando todos, todinhos, que eu conheço, bem conheço ou mal conheço, não existirem mais.
queria dormir agora e acordar nua daqui a cem anos, com meus anos de hoje e nenhum pertence, nada, nadinha, nenhuma página de livro sequer.
queria dormir agora e acordar daqui a cem anos, tendo vivido tudo o que vivi, mas tendo esquecido todas, todinhas, as pessoas que passaram pelos meus anos de vida desperta.

ando tão cansada de tudo que não guardaria ninguém. a cachorra, quem sabe...
ando tão cansada de tudo que nem sei se queria acordar.

03 setembro 2010

or

o poema que não sai
é a porta não fechada no momento certo
a trepada adiada.

o coração disparado
não é o fim
mas a espera.