24 novembro 2012

eu já esqueci mais do que você um dia vai saber

para Tita, que fez a última estrofe, mote desse poema.

às vezes tenho vontade 
de dividir tudo em gavetas 
compartimentadas
prosa, poemas
músicas
imagens bonitas
disto, daquilo
paradas e em movimento
eu tento
coisas minhas e alheias
tudo num arquivo único
(catalogadinhas)
que de físico
se transmutasse 
em virtual
não envelhecesse
não juntasse pó
não se perdesse
não cessasse 

mas a vida é essa
bagunça sem fim
que borbulha
queima, arde, uiva
que é bonita assim

porque se tudo fosse
simples como estudar
na porta de casa
nada teria graça.

22 novembro 2012

Da tristeza definitiva

não estou triste.
sou triste.

e não tem poesia
que me cure
por mais de um dia.

15 novembro 2012


PAZ E AMOR, diziam
as luzinhas 
à beira da rodovia.

meu coração bateu mais forte
seria uma comunidade alternativa?

não, é só novembro.

06 novembro 2012

interiores

é tanto deus
que não sobram eus.

haicai esvoaçante

em pé no ônibus
olho no mato verde
mente no teu pau duro.

livros me ajudam a calar

na privada
remoía palavras
escritas
caldo espesso
desnecessário
ansiedade

descarga.

no espelho
remoía sorrisos
que ela
não riu na cama
e sempre ria

ralo, pia.

lendo poemas
roeu estrelas

acamado
sarou.