26 novembro 2010

1409

um homem vai devagar
um carro vai depressa
bem depressa

um dois três quatro cinco seis sete oito nove dez onze
doze listras brancas
sob o corpo vermelho que agora não vai.

2 ashamed

madrugada que começa
mais uma vez
me levanto
pra escrever um poema

enquanto você dorme
usando jeans.

20 novembro 2010

agujero

como um espírito de além-mar
você entrou no meu quarto sem me acordar
me beijou os olhos as bochechas a boca
me aspirou os minúsculos pelos da cara
me olhou nos olhos
segurou minha cabeça entre os dedos fortes
eu, dormindo, segurei a sua

éramos só mãos, cabeças e carícias
flutuando no labirinto difuso do meu cérebro

num segundo
te desfiz
e o vento te levou invisível
para o buraco no fundo do oceano

que tratei de tapar bem tapadinho.

ashamed

tava ali
dormido
com sua coxa
entre as minhas
com meu choro
que não vinha.

eu queria saber começar.

10 novembro 2010