23 março 2010

tinha vontade de algo
não sabia de quê

vi o vinho
e ficou sendo.

13 março 2010

holger holger holger

Que texto você escreveria quando acaba de ver o show de uma banda foda, muito foda? Você chega em (a, para os mais chatos, tipo a mina lésbica que você conheceu ontem) casa ainda de boca aberta, sim de boca aberta, porque qualquer coisa é mais difícil do que qualquer, hum, não me lembro mais o que ia dizer... mas sei que ia dizer, não exatamente aqui, que o show foi foda pra caralho (por que o Word marca em vermelho? Nunca viu um caralho, porra???). Teu estômago tá embrulhado pra caralho, mas você sabe o que quer dizer. Durante o show você estava, humm, quase sóbria (aqui o Word te corrige, você escreve sóbria sem acento...). Teu estômago está muito embrulhado, muito muito embrulhado, por que mesmo você ligou o computador? Será que já estava ligado? Sabe-se lá, sabe que você chegou e, depois de rir da cachorra aleatoriamente, começou a escrever, sabe-se lá por quê. Seu estômago está muito muito muito embrulhado, mas você continua escrevendo. Será que vai vomitar? Faz tempo que isso não acontece... Bem que o farmacêutico disse para esperar um pouco o efeito do álcool passar para depois tomar a pílula do dia seguinte. É, você usa anticoncepcional e é a favor do aborto, mas, se fuder, aborto, numa clínica boa, no início da gravidez, custa uns novecentos contos. É, sim, usa anticoncepcional, mas queria ficar sem por um tempo, e isso não funciona, aceite. Enfim, enfã, vocês compraram a pílula e ele comprou um ouro branco. É, é isso que te embrulha o estômago. Você para de escrever e tenta vomitar, mas não vai. Decide ir dormir. As letras na tela te fazem mais bêbada. A banda, porra, era a Holger. Quem não foi ou quem estava no puteiro e não viu é eternamente loosê.

09 março 2010

A chuva. Sempre a chuva.
Ela no quarto, onde tem passado a maior parte dos dias.
A cadela ali deitada a observa arrumar o guarda-roupa revirado.
Ela, a cadela, que chacoalha a cabeça como bibelô encapado de veludo.
O tapete fede a poeira e a cachorro.
O chão branco contorna os pelos acumulados, as meias, revistas, os fios.
O punho já lhe dói e a madrugada em frente ao computador está só começando.

Milhares de pensamentos e sentimentos inconsistentes vagueiam pela sua cabeça, passeiam por entre as roupas, confusos e cambaleantes.
Uma imagem, um pouco menos ébria, chega repentina e se apoia na parede.
Ali, emoldurado, ele dobra uma de suas camisetas daquele jeito único, que ela não sabe reproduzir.
Em foco, apenas as mãos de dedos esguios e a camiseta amarela.

*novembro 2009

01 março 2010

ler amar dar

dar não hoje.
ler três linhas quem sabe?
amar quem?

o que, armazém?
bom dia. eu te amo? eu também.