09 março 2010

A chuva. Sempre a chuva.
Ela no quarto, onde tem passado a maior parte dos dias.
A cadela ali deitada a observa arrumar o guarda-roupa revirado.
Ela, a cadela, que chacoalha a cabeça como bibelô encapado de veludo.
O tapete fede a poeira e a cachorro.
O chão branco contorna os pelos acumulados, as meias, revistas, os fios.
O punho já lhe dói e a madrugada em frente ao computador está só começando.

Milhares de pensamentos e sentimentos inconsistentes vagueiam pela sua cabeça, passeiam por entre as roupas, confusos e cambaleantes.
Uma imagem, um pouco menos ébria, chega repentina e se apoia na parede.
Ali, emoldurado, ele dobra uma de suas camisetas daquele jeito único, que ela não sabe reproduzir.
Em foco, apenas as mãos de dedos esguios e a camiseta amarela.

*novembro 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário