13 abril 2009

Última crônica?

......Sento para escrever e as idéias não vêm. O que dizer sobre a última crônica que não pretende ser a derradeira?
......Faço uma pausa para o café; uma xícara de café preto é sempre uma fonte de inspiração. Mas, dessa vez, o que era para ser não foi. Faltou algo. Faltou a padaria ou o botequim da esquina; faltou a rua, faltaram as pessoas.
......Volto para a cama, agarro novamente o lápis e o caderno. Serei eu nostálgica? Talvez sim, talvez não. O fato é que o computador está pifado.
......Lá fora o vento venta ventando e os carros passam apressados. Na rinha ao lado, o galo de briga cacareja sua dor de galo rouco e foge, trôpego, do cair da noite. Aqui eu procuro sôfrega pela madrugada que não chegará antes do fim da crônica. Sofro com a luz do dia, com a sonolência das idéias e com a insistência do sono. Choro a madrugada que passou e se foi sem ser. A madrugada que foi só raiva e nervoso e discussão com o computador que se negara a parir a última crônica, mesmo depois de lhe explicar que não o será de verdade.
......Mais uma pausa para o café. Dessa vez funciona. Enquanto observo o líquido preto na pequena xícara, decido o final da minha falsa última crônica. Assim eu a quereria: que fosse inacabada para ser novamente.

* escrita em agosto de 2006, para a disciplina Oficina de crônicas.

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