20 novembro 2010

agujero

como um espírito de além-mar
você entrou no meu quarto sem me acordar
me beijou os olhos as bochechas a boca
me aspirou os minúsculos pelos da cara
me olhou nos olhos
segurou minha cabeça entre os dedos fortes
eu, dormindo, segurei a sua

éramos só mãos, cabeças e carícias
flutuando no labirinto difuso do meu cérebro

num segundo
te desfiz
e o vento te levou invisível
para o buraco no fundo do oceano

que tratei de tapar bem tapadinho.

Um comentário:

  1. Poema e exercício dele, contínuo, para SE dizer e DIZER cada vez melhor...AMEI!
    bj

    ResponderExcluir