19 outubro 2013

Tanabi, tá na bosta

Arroz branco, brócolis, proteína de soja com tomate, refogado de berinjela. Na mão direita, uma faca. A faca no punho esquerdo. Riscos. O coração cansado desse mundo. O corpo caindo numa cama de espetos. A cabeça doendo. Cabeça pequena pra tantas dores no mundo. O estômago é um emaranhado de opressões engolidas, repressões, punições, padronizações, definições, binarismos de gênero. Um trem passando demoradamente sobre tudo isso, bem em frente àquela estação abandonada. Um ácido derretendo esse corpo todo. Fogueira a céu aberto fazendo cinzas das coisas-coisas que não cabem na mochila e aprisionam. O corpo queimando junto. Sim, eu luto, luto, luto, luto todos o dias, o tempo todo, Utopia & Paixão: A Política do Cotidiano. Mas é difícil olhar ao redor e ver uma cidade que repudia o prazer e a alegria, que celebra o sofrimento e o trabalho, maldita cruz sobre este mundo, uma família que me vê como propriedade, família, essa instituição capitalista. Não fosse a cachorra, eu já estaria vagueando por aí, bem longe daqui. Mas não fosse a cachorra, talvez eu nem existisse hoje. 

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