05 maio 2009

Junho de 2008

Eu hoje chorei. Não, hoje não. Foi ontem. Fui disposta a não chorar, me sentindo muito bem com Toda a Mafalda nos braços... Depois de algum tempo de conversa, chorei. Hoje é quarta, ontem foi terça. Quarta na hora do almoço eu te vi não querendo muito ver... Depois de algum tempo de conversa, quis te carregar no bolso. Terça de noite eu não te vi e não queria. Quarta de noite, escutando Vinicius, quero te ver. Tenho em mim dois chopes de vinho que bebi durante a prova de espanhol. Não te queria lá, queria era o professor. Agora, quarta de noite, sozinha em casa, te quero. Quero chopes de vinho com você. Pelo telefone, não consegui sentir o cheiro da sua barba; por e-mail também não. Tentei gritar um abraço e fiquei rouca. Dancei com a cachorra, derrubei água nela sem querer; ela não entendeu, eu dei risada. Alguma coisa me invade a alma; chega devagarzinho e sem pedir licença me faz rir por dentro. Ao invés de amaldiçoar o poodle feioso que late ardido, tenho vontade de rir. E rio um pequeno rio espontâneo. Leve, eu vagueio. Perdida, não me sinto perdida. Reconheço a queda, mas não desanimo; levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima. De repente, as coisas parecem bonitas. Ao esquecer que isso pode acabar, me lembro. Esqueço de novo. Que me importa? Até os sonhos ficaram gostosos. Desço solta por eles, com uma câmera fotográfica na mão. Volto a escrever em prosa, fico poética, proseante. Tento descobrir o que me faz escrever. Não sei. Escrevo quando bem ou quando mal? Depressiva, expansiva? Quando leitora, quando observadora? Quando caminho. Caminho bem e caminho mal. Quando? De onde vem? Bebida. Mesa de bar. Conversas, autismo. Sinestesia. Dia desses, o sol não me deixava ouvir. Agora, meus pensamentos não me deixam pensar. Toda a Mafalda, atrás de mim, me olha convidativa e o poeta me ajuda a fechar o texto sem final. Também não quero nem saber de quem não vai porque tem medo de sofrer.

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