29 abril 2012

sô qualqué coisa que sofro

pra ele que foi jeca. e continua, diz.
eu queria te escrevê
pra dizê que quero sê tua
toda tua.
e que meus verso te fosse atitude.
porque é.
palavras também é.

e queria escrevê bonito
mas eu tô ruim da cabeça.
mesmo ansim
eu vô prum samba
e queria te chamá.

eu queria que ocê me quisesse
preu podê te conhecê mió.

prometo lavá, passá e cozinhá.
e te fazê mais ri do que chorá.

19 abril 2012

Deixar ir

Uma injeção prontinha entrando na veia. Rápida e indolor. Ânimo para prepará-la, não existe. Quer o fácil. De difícil, já basta a vida. Morrer não pode ser também tão complicado. Quer o simples. Não a dor. Dor, já basta a de viver. Morrer, sem ofender ninguém. Quer aquilo que não fazem os que vivem. Ofendem. Abandonam. Cada um segue seu curso. Cada um cercado da própria solidão. Do próprio abandono. Da própria ofensa. Resignados em si. Assim se sobrevive. A tela do computador é o escudo. Estar ao lado mas ter um dia cheio é a escusa. Não é um, são vários. Morrer, morrer, morrer. Poupar os outros de um martírio inútil. Poupá-los de ouvir. De aporrinhações. De choramingos. Deixar-se ir. Calar-se à força, já que o desespero não cala, engatilha. Morrer gritando: abrace o morto, tanto quanto você não abraçou em vida.

Rejeitos

Tudo o que se quer é morrer. Mas não se morre, nem se mata.

16 abril 2012

Interlúdio/interdito

No sonho, eu tinha nas mãos uma caixa com alguns pertences  teclado de computador, umas peças de roupas e outros mais que não vi. Já tínhamos nos despedido, mas voltei para lhe devolver algo, que por engano estava na caixa. Enquanto lhe entregava, as lágrimas por debaixo dos meus óculos de sol azuis se intensificaram e você as notou. Perguntou se eu chorava, abaixando-se para ter certeza. Comovido, abraçou-me. Como não faziam havia muito, nossas bocas instintivamente se tocaram e ficaram, enquanto sua mão direita, que ostentava uma aliança prata, apertou de leve minha bunda. Por alguns segundos, a gravidade desapareceu, meu peito explodia sorrisos e você fazia desaparecer a pessoa que, de dentro do carro, carregava a outra aliança. Então, ela desceu vomitando, você foi acudi-la e eu, pelos portões de ferro do pombalzinho, rodeada de cachorros, voltei à minha vida medíocre. 

14 abril 2012

humores inóspitos

daqueles que não deixam 
eu me habitar
daqueles que não deixam ficar 
eu sozinha em casa.

daqueles que vêm
da falta de álcool.

daí que eu bebo. 

Só por hoje.

rumores.


01 abril 2012

Vegetum tpm

para ele que coleta.

Vegetum.
final de semana que se foi dormido,
que se foi em porcarias,
que se foi trancado em casa,
que se foi.

tpm.
queria sexo,
queria vinho,
queria mar
de camiseta e calcinha,
queria tua companhia.